Songs of Silence: estratégia 4X com cartas, arte Art Nouveau e trilha de Hitoshi Sakimoto

Novo título da Chimera Entertainment mistura 4X, narrativa épica e um sistema de combate baseado em cartas para oferecer uma das experiências mais originais do ano

Songs of Silence marca o retorno do estúdio às suas raízes no PC, sendo um projeto autofinanciado e de grande valor artístico e narrativo para a equipe.
Imagem: Chimera Entertainment / Divulgação

Em meio a tantos lançamentos no gênero de estratégia, Songs of Silence surge como uma proposta ousada: unir a profundidade de jogos como Heroes of Might & Magic à grandiosidade narrativa de Total War, com uma estética única inspirada no Art Nouveau. O resultado é uma experiência elegante, densa e profundamente envolvente.

Desenvolvido pela Chimera Entertainment (de Angry Birds Epic e Shadow and Bone: Enter the Fold), o game traz batalhas rápidas em tempo real, gestão estratégica baseada em turnos e um universo dividido entre luz e escuridão — literalmente. Após cerca de 20 horas testando a campanha e o modo Skirmish, Songs of Silence se mostra uma das surpresas mais agradáveis do ano para fãs do gênero 4X.

Estratégia com alma e ritmo cinematográfico

O coração do jogo está no contraste entre o planejamento estratégico no mapa e a intensidade dos combates em tempo real. No mapa, jogadores expandem seus reinos, criam redes logísticas e fazem escolhas impactantes sobre economia e território. Já nas batalhas, o diferencial está no sistema de Cartas do Destino, que substitui comandos tradicionais por ordens táticas e intervenções divinas.

Essa abordagem torna cada batalha quase como um duelo de mentes, onde prever o inimigo e usar bem seus recursos pode virar o jogo. A movimentação forçada, que permite avanços rápidos com risco de emboscadas, adiciona uma camada extra de tensão à exploração do mapa.

Um universo denso e narrativamente rico

Songs of Silence não se contenta com sistemas refinados — ele constrói também um mundo cheio de camadas. A trama se passa em dois reinos separados: Sonnan, o mundo da luz, lar dos religiosos Starborn, e Irdheim, o mundo sombrio dos tradicionais Firstborn. Ambos são ameaçados pela fanática Cruzada do Silêncio, que busca consumir a energia vital do mundo, o “Hino”.

Cada facção possui líderes carismáticos, como a jovem rainha Lorelai, e o poderoso Akard, herói dos Firstborn. A narrativa vai além do preto e branco: lida com perdas, fé, tradição e resistência, lembrando que guerras são, acima de tudo, tragédias humanas.

Arte de encher os olhos

Visualmente, o jogo é um espetáculo à parte. A equipe da Chimera optou por um estilo inspirado nos trabalhos de Alphonse Mucha e outros artistas da Belle Époque. Cada unidade, cidade, retrato ou carta foi desenhado à mão, resultando em uma estética coesa, original e encantadora.

Esse cuidado artístico não é apenas estético: ele ajuda na clareza visual durante os combates e na navegação do mapa, cumprindo tanto uma função mecânica quanto narrativa. A direção de arte respeita os quatro pilares criativos do estúdio: zeitgeist, clareza, excelência visual e autenticidade histórica.

Trilha sonora à altura da fantasia

O lendário compositor Hitoshi Sakimoto, conhecido por Final Fantasy Tactics e Valkyria Chronicles, assina a trilha sonora de Songs of Silence. São mais de 35 faixas que acompanham perfeitamente os altos e baixos da jornada, ajudando a tornar a imersão ainda mais completa.

A música cumpre papel emocional e estrutural dentro da narrativa, especialmente durante eventos dramáticos e batalhas decisivas. É um daqueles jogos em que vale a pena jogar com fones de ouvido.

Multijogador funcional e ritmo acessível

Apesar de toda a profundidade, o jogo consegue ser acessível. Sessões duram entre 2 a 4 horas por mapa, ideal para quem busca envolvimento sem comprometer dezenas de horas. O modo multiplayer suporta até 5 jogadores, em modos versus ou cooperativo, com turnos simultâneos que aceleram o ritmo das partidas.

Durante nossos testes, o desempenho se manteve estável, com IA responsiva e poucos bugs. Ainda há espaço para melhorias — principalmente na curva de aprendizado inicial das cartas e na dublagem de momentos-chave —, mas o resultado geral é extremamente positivo.

Um 4X com alma de arte

Songs of Silence entrega mais do que um bom jogo de estratégia. Ele oferece uma experiência coesa, emocional e estilisticamente única. É raro ver um projeto com tanta personalidade em cada detalhe — da música à UI, da narrativa aos sistemas de combate.

Para veteranos de estratégia e novatos curiosos, o jogo oferece algo novo, profundo e visualmente marcante. É um forte candidato a figurar entre os melhores do ano no gênero.

📌 Songs of Silence já está disponível para PC , Playstation e XBOX.

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